27 de março de 2008

O Realismo e o Teatro


A arte teatral, como qualquer outra, transforma-se com o passar do tempo. Variam os estilos de produção, organização e interpretação. Uma das mudanças mais importante ocorreu na segunda metade do século XIX, quando o teatro burguês substitui o idealismo romântico, que predominava até o momento, por histórias contemporâneas, com problemas reais de personagens comuns, condicionados pela ração social e pelo meio: o realismo começava a revelar-se no mundo teatral.


Os principais autores do realismo cênico rejeitaram a linguaguem poética, a declamação e a fala artificial – a linguagem excessivamente rebuscada das escolas anteriores ao Realismo foi ignorada também no teatro. Passou-se a utilizar a ação e os diálogos, adaptando o comportamento e a comunicação dos atores ao cotidiano. A encenação devia ser natural, o mais próxima possível da própria vida.
As mudanças ocorreram também nos próprios teatros: busca-se uma forma arquitetônica que privilegie boas condições visuais e acústicas. A partir disso, o diretos e os atores adquiriram novo valor diante da sociedade.

O principal inovador é o Teatro de Arte de Moscou. Com ele, surge todo um novo método de interpretação: o ator tem de incorporar a psicologia do personagem, fazer da vista deste a sua quando estiver no palco. Logo este método espalha-se por todo o mundo, sendo adotado por outras companhias teatrais.
O herói romântico dá lugar a pessoas comuns, que utilizam palavras comuns. Os temas favoritos dos dramaturgos realistas são os sociais. Percebe-se assim que o teatro Realista seguiu com exatidão o “molde” estabelecido pelas obras literárias. No Brasil, as peças retratam muitas vezes as baixas classes, com forte crítica aos problemas sociais; trabalhadores e pessoas simples são alguns dos protagonistas favoritos.

Principais Autores:
Alexandre Dumas Filho: é o primeiro representante dessa fase no teatro. Sua obra “A Dama das Camélias” (da qual tratamos na seção “Propaganda da Literatura Realista”) foi transformada em uma peça de cinco atos, na qual há destaque para a pressão social sofrida pelos protagonistas. A questão central que norteia toda a peça é: se Jesus perdoou Maria Madalena, o que autoriza a sociedade a condenar as cortesãs? Esses traços críticos fazem da encenação de “A Dama das Camélias” uma das obras-primas do teatro Realista.



Henryk Ibsen: norueguês, tem por temas favoritas a discussão da situação social feminina, os interesses comerciais, a desonestidade administrativa e a hipocrisia burguesa.


Há grande destaque para os autores russos, do período, como Nikolai Gogol, diretor que, em geral, satiriza a corrupção e o emperramento burocrático.


Alguns roteiristas russos preferiam retratar o ambiente da província e a paz dos indivíduos diante da rotina do cotidiano, como Anton Tchekhov (cujos contos mostram o cotidiano do povo russo; em suas obras-primas teatrais, retrata-se majoritariamente o declínio da burguesia russa. Dentre suas peças, destacam-se “A gaivota” e “O jardim das cerejeiras”). Outros autores davam mais importância ao folclore cultural e às relações na sociedade.


Também merece destaque Konstantin Stanislavksi, que, junto a Nemorovitch-Dantchenko, cria o Teatro de Arte de Moscou.

No teatro brasileiro, importantes autores como Machado de Assis, José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, Artur de Azevedo, Quintino Bocaiúva e França Júnior contribuíram com o teatro. As principais encenações brasileiras são “Quase Ministro”, de Assis; “O Demônio Familiar”, de Alencar; e “Luxo e Vaidade”, de Macedo.



Encenação de “O Demônio Familiar”, de Alencar

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